Sedimento fino

Sou argila,
sedimento fino em suspensão.
Toda intempérie me carrega.
Parte de mim é erosão.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Sem título

Sou tempestade,
devasto.
Mas devasto com emoção,
com romantismo,
com fantasia.
Bagunço tudo.
Sem rédeas!
E assim passo
e passo
e passo...
Nunca duro muito.
Me torno instável,
encapsulado,
e explodo.
Não há como segurar
sem luvas
a panela fervendo,
borbulhando exageros.
Desatino.
Excesso.
E acabou.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Você na minha casa

É uma honra para mim
ter você aqui, na minha casa,
no meu lar,
nos meus sonhos,
onde as coisas acontecem,
onde eu sou mais eu.
Uma grande honra.
Sabes que tens o eterno convite
de desbravar o matagal
e que eu aguardo o momento
de ser teu bandeirante.
Aguardo o momento
em que toda essa mata
esteja fechada
porém, pedindo para ser
aventurada.

sábado, 25 de dezembro de 2010

Sem título

A busca desenfreada por uma certa "maturidade" leva o ser humano a enclausurar aquela velha criança. Tem gente que mal sorri. Pobres músculos faciais. Pobres mortais. É aquela velha criança que adocica os momentos amargos. É aquela velha criança que aquece os instantes gelados. Mas o que dizer daqueles que não tiveram a oportunidade de conhecer a sua velha criança? Triste. Triste como a vida os privou ou como são uns bons filadaputas desde pequenos.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Natal

Natal é mais Natal com criança no lar.
Saudade de quando eu era descaradamente enganado por meus pais, ano após ano, no dia vinte e quatro de dezembro. Num ano, Papai Noel chegava pelos fundos. N'outro, Papai Noel chegava pela porta da frente. Engraçado como uma criança tão esperta como eu nunca desvendou -ou pelo menos nunca quis se decepcionar com a verdade- o mistério do fato de a minha mãe nunca estar com o meu pai no instante da chegada do velhinho barbudinho e sua trupe de duendes. Fé, camaradas. Fé de criança. Os presentes ao pé da árvore eliminavam todo o ceticismo.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Sem título

Essa vez não é que nem a outra... Aquela outra.
Mais um pacote de 365 dias fechado. Embrulhado e engavetado. Arquivado. Salvo uma cópia para os meus e deixo o original em meu hagadê de trocentos terabaites. Um conselho para tantos: Cuidem dos teus. O que seria de vós sem eles nos momentos sombrios? O que seria do equilíbrio de um dia solitário de véspera de véspera de Natal sem o conforto de uma amizade? Mesmo que em Barreiras. Mesmo que no Multiplex com uma pequena. Mesmo que no Portal da Chapada Diamantina ou num Riacho... de Santana. O que seria desse equilíbrio sem um som gravado por baianos novos na década de setenta? "Esse é só o começo do fim da nossa vida...". E muita aventura há pela frente.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Não se engane comigo

Eu sou uma tentativa.
Estou sempre tentando,
rabiscando, esboçando.
Não passo de um rascunho.
Não passo de um passo
não dado.
Não passo.
Fico.
Sou uma tentativa.
Tento ser um ser
que ainda não sou.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Sem título

Eu nasci pra ser pra dentro.
Pensar pra dentro.
Cantar pra dentro.
Chorar pra dentro.
Amar pra dentro.
Eu sou pra dentro.
E nasci
praserprasempradentro.


Não interessa ao mundo
o meu interior.
Não interessa a ninguém
saber de amor.
Só interessa realizar
movimentos motores básicos
e destilar
eufóricas enzimas.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Sem título

Finito.
E recomeço
para um novo fim.
Com um novo fim.
Finalidade.
Finalmente
finda.