Sedimento fino

Sou argila,
sedimento fino em suspensão.
Toda intempérie me carrega.
Parte de mim é erosão.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Sem título

Já fui retirado de casa uma vez,
arrancado, violentamente,
como um animal.
Enjaulado, arrastado pelas terras estranhamente
verdes, férteis, quentes,
porém, secas, inóspitas e pedregosas do desperdício.
E atearam fogo na minha querida cidade,
Onde tudo queimou.
E nem assim olhei pra trás.
Jamais olhei pra trás,
até ser expulso da jaula
com a mesma violência a qual fui capturado.
E, quando me deparei com a realidade da
natureza do lugar o qual estive todo o tempo,
vi apenas ausência de cor, secura e pedras roladas.
Hoje, após ter regressado à minha pequena cidade,
e resgatado das cinzas as lembranças,
percebo o intervalo
entre ser posto numa jaula, violentamente,
e entrar numa jaula como voluntário.

domingo, 11 de dezembro de 2011

Sem título

Vão no tempo.
Vão-se as palavras
pelo vão da estabilidade.
E o equilíbrio reside no momento
de um buraco de minhoca,
viajando em seu interior,
no conforto de uma rede.





Talvez, o hiato de palavras seja explicado nas palavras acima. No presente momento, sou menos palavras.