Sedimento fino

Sou argila,
sedimento fino em suspensão.
Toda intempérie me carrega.
Parte de mim é erosão.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Sem título

É necessário que enxerguemos um patamar acima para que despertemos o desejo de alcançá-lo. Quando achamos que não temos nada a conquistar, perdemos a sede, a fome e o dom da inspiração. Passamos a viver estacionários, em atentado contra Darwin. Até mesmo os vegetais, enraizados no solo, buscam a luz solar com todas as suas forças e folhas. Vivamos como os peixes saltadores do lodo, que evoluem quando percebem a oportunidade do arco magmático, emergente no oceano. Lembremos, então, de olhar para cima e notar o patamar que emergiu.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Sem título

As pessoas têm uma tendência
natural e orgânica
de, com tamanha obediência,
guardar com mais vividez
as notícias do jornal de hoje.
Tão mais humanas essas seriam
se guardassem todos os jornais,
pilhas de lembranças,
por grau de importância,
não importando
a ordem cronológica dos fatos.
Mas a memória humana é assim:
Esquece os meus melhores atos.
Guarda o agora, descarta o ontem.
Lembra do outrem,
esquece de mim.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Sem título

Num intervalo,
num ponto de confusão,
a estrutura e os póros se abrem
e há lugar para a ligação.
No ponto da fusão,
o dengo se confunde com o assanho,
e o atrito da mistura,
a altas pressão e temperatura,
do sódio ao cálcio,
não se sabe até quando a solução é sólida
e quando entra a carne do potássio.