O toque entre duas bocas
gera uma conexão
entre dois indivíduos.
O indivíduo,
após todo o frenesi da atração,
do amor e da paixão,
após a tempestade
num oceano frio e ignorante de latência,
depois que, com a sua boca toca outra,
tem a sensação do avistamento.
Torna-se o descobridor do novo mundo
e lamenta
não antes ter zarpado
com a sua nau.
A boca alimenta o corpo e a alma.
Através dessa abertura
o alimento do corpo é conduzido.
Com o beijo,
a alma se torna autótrofa,
pois beijar
é surpreender de luz solar
um vegetal no meio da noite.
É criar um par de simetrias bilaterais.
É tornar o simples
um complexo.
A reta
uma curva.
Dois seres
apenas um.
Por um breve e confuso momento,
me ocorreu que,
talvez,
a superfície entre duas bocas
fosse espelho.
Que, talvez,
os meus lábios - e não os dela -
me alimentassem.
Mas, é fato que
sem ela,
sem seus lábios,
eu não poderia,
jamais,
realizar a fotossíntese.
É fato que a luz vem de longe
e beija a folha.
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