Sedimento fino

Sou argila,
sedimento fino em suspensão.
Toda intempérie me carrega.
Parte de mim é erosão.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Sem título

Reclina tua cabeça,
que eu cafunezeio-te os cabelos!
Diz-me a cor dos teus olhos cacheados!
Acolhe-me nesse sorriso castanho!
Mostre-me a saliência dos teus dentes!
Que dentes!
Linda!

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Sem título

Eu gosto de você.
Como eu gosto de você!
Como eu invento sempre
uma nova e velha birra,
uma briga! Porque eu gosto,
gosto muito de você.
Como eu ainda descubro universos
por baixo da sua roupa moderna!
Como eu sou tolo quando,
sem necessidade,
invento um banho de mar,
quando deveria ser banho de chuva!

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Sem título

Vivendo, cheguei e estou localizado em um momento no qual não mais me envolvo com temas específicos. Não me especializo mais. Pelo menos, evito discussões nas quais eu tenha que pertencer a polígono qualquer. Eu busco não pertencer a qualquer limitação de pensamento, não pertencer a qualquer perímetro intelectual, não pertencer a nada que seja menos que três dimensões. No que diz respeito à espécie humana (um tema já relativamente específico, levando-se em consideração a complexidade do universo), prefiro refletir da forma mais basal possível, tratando o ser humano como um ser tão comum quanto um leão ou um chimpanzé. Acontece que eventos favoráveis ao desenvolvimento excêntrico do nosso cérebro aconteceram, dando-nos uma arma biológica que representa perigo e, ao mesmo tempo, a nossa salvação. Que outro animal seria capaz de construir uma arca da fuga? No meio do caminho da humanidade, onde encontramo-nos todos, o ser humano, homem e mulher, tem um hábito natural de setorizar as coisas, criar temáticas e especializar-se nelas, o que é tão natural quanto num formigueiro. Mas, qual seria mesmo a diferença entre a humanidade e um formigueiro? Ambos sistemas são elementos da natureza terrena (da Terra), sub-microssistemas do universo. E, assim, na humanidade fala-se em política, religião, ciência, minorias, oprimidos versus opressores e vice-versa, diferenças étnicas e culturais, diferenças de gênero (que não são as mesmas diferenças entre homem e mulher)... Enfim, diferenças. Então, a partir das diferenças o ser humano, homem e/ou mulher, vai dividindo o trabalho dentro do que chamamos de sociedade, que costuma bailar numa corda bamba. E, assim como as formigas vivem para assegurar a existência do formigueiro, nós vivemos para assegurar a existência da humanidade. E todos nós, humanos, formigas, leões, chimpanzés, vivemos para assegurar a nossa própria sobrevivência e a sobrevivência da espécie. Dividindo o trabalho, os humanos discutem ciência, religião, política, diferenças... Diferenças, os humanos discutem diferenças. E assim, com passos de formiga evolui a humanidade. Só que eu prefiro caminhar com passos mais largos, acreditando que raciocinando tridimensionalmente - e não dentro de um polígono - possamos encontrar um atalho no caminho da evolução. Acredito que esse atalho resida na busca pela igualdade, ao contrário da busca aparentemente desorientada e caótica pelas diferenças. E, tão pura e simplesmente, a igualdade é possível através do sentimento mais básico que existe: O amor. Onde, a partir do qual, há ramificações que, enfatizadas através de diversos momentos da nossa história, por humanos de muita iluminação, representam a salvação do nosso formigueiro.