Sedimento fino

Sou argila,
sedimento fino em suspensão.
Toda intempérie me carrega.
Parte de mim é erosão.

domingo, 4 de novembro de 2012

Sem título

As pessoas se esforçam muito para administrar superficialidades, pois é mais fácil viver assim.

Ser superficial permite o alcance de um objetivo - também superficial - de alcançar popularidade dentro das sociedades, bem como acontece, também, em redes sociais. E, no mundo globalizado, no mundo da internet, a supervalorização da esfera mais externa - a esfera ligada às aparências - tem sido crescente.

É necessário ter cuidado com o excesso de valor dado à esfera mais externa. Para isso, é preciso que o indivíduo tenha ciência de que é mais fácil lidar com tal esfera, pois a maioria das pessoas a exibe mais desenvolvida que a esfera mais interna, o que é natural na humanidade.

A administração de apenas superficialidades condiciona a criação de uma aparência. Então, uma pessoa superficial cria um tipo de envólucro, uma crosta de aparências, uma concha, passando a alma a viver confinada e solitária, na imediata zona mais interna, mais profunda e pouco desenvolvida, quando não atrofiada. É como uma tensão superficial impenetrável, em um lago, onde não se pode mergulhar em suas águas, onde não se pode aprofundar-se.

As pessoas querem ser legais, querem falar, não importando, muitas vezes, se serão ouvidas - por isso a má administração de suas zonas, suas esferas.

O corpo é a morada da alma, na terra. Sendo assim, o corpo necessita de portas e janelas para que a alma possa respirar, e para que o lago possa ser acessado e ofereça um pouco de suas águas mornas, potáveis e límpidas, e para que este se aprofunde cada vez mais. Há, então, uma troca.