Sedimento fino

Sou argila,
sedimento fino em suspensão.
Toda intempérie me carrega.
Parte de mim é erosão.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Sem título

Quando um pernilongo se alimenta do meu sangue,
percebo que estou acordado.
Me irrita mais saber
que meu sangue fora dragado em vão.
Me irrita mais que o seu legado: A coceira.

Quando o vento bate na roupa do varal,
percebo que realmente sou eu neste corpo.
Apreciar fenômeno deveras simplório
a ponto de ir participar,
se misturar,
o que não tenho feito com tanta habilidade
no domínio dos seres humanos,
na sociedade.

Mas ainda prefiro um pernilongo
como sendo a pedra no meu sapato
a um asteróide no meu quintal:
Os problemas deste mundo
que tanto me fazem mal.
Prefiro morar com os pernilongos.
Serviria um pouco do meu sangue a eles
todos os dias
em troca de paz.

6 comentários:

  1. Nossa, você escreve muito bem.
    Adorei,
    Seguino você.

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  2. A idéia de ter um asteróide no quintal é bem legal, embora não traga paz.

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  3. Pois é. Eu prefiro um pernilongo a um asteróide no meu quintal. Imagine se todos os seus problemas fossem um pernilongo?
    Mas realmente, imagine você abrindo a porta dos fundos e se deparar com um asteróide no quintal???

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  4. É tudo uma questão de conexão...conexão entre paisagem interna/externa...é isso que molda o que mais te convém...nossa...bem poético isso! hehehe

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  5. Adorei...parabéns, não sabia desse seu talento!

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