Ah, a saudade é algo que já se sente antes de zarpar
assim como o amor se sente antes de aportar
e como se crispa antes de gemer.
Houve um tempo em que a distância foi presente
-e um presente.
A presença, mais que presente, saudade latente sobre meu ombro.
Quem entende? E pra quê?
Sinto saudade. Agora, a saudade da ilha a qual aportei -e que zarpei.
(Raios! Não sou marinheiro!)
Saudade do cisalhamento sobre o rabisco,
sobre a maciez epitelial.
Saudade do bom funcionamento dos sentidos.
Ah, meus sensores em festa!
Sinto saudade da peça e do seu encaixe perfeito,
da face apaixonada e daquele olhar.
Olha! O meu navio voador, da saudade e do amor, vai te buscar.
Esteja pronta, se aprume.
Quero te dar mais que camisa. Mais que tudo.
Não nasci pra ser caminhoneiro.
Por ora, aguardo da presença um presente
da semente que plantei em solos atrás.
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