Eu sou um rio fluindo em você
-você-pedra- e sigo até o mar.
E eu deságuo, obviamente, em você-mar.
Mas você é todo o curso,
da nascente até a foz.
Curso sem cachoeira,
sem o beijo cascata em você-pedra.
O primeiro beijo cascata
do rio em pedra,
na verdade,
parece não ocorrer
-pela altura da cachoeira
ou porque a água evapora antes do toque.
Fui cascata em você pra quê?
Pra me enrolar?
Pra afluir mais rio e não te fluir?
Pra meandrar sem fim após a queda
-sem jamais desaguar?
Água vem das montanhas, das nascentes,
e eu-lago, logo cavo, cavo,
para não transbordar.
Difícil não transbordar.
Difícil não fluir.
Difícil ser lago.
Difícil ser rio.
Difícil.
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