Lembro da minha certeza, tão estranha certeza
que, assim como as palavras, não sei de onde vinha.
Tão fina certeza, tecida em fio aracnídeo.
Tão fina certeza, grande e terrível interrogação,
combustível da esperança.
Por onde anda a lucidez
de quem recorre a um risco noturno no céu?
Por onde anda o chão
para os pés de quem deposita sonhos no céu?
Por onde anda o mar
que não reflete o céu?
Olhando para esse céu vejo a interrogação da cauda do escorpião,
que faz-me lembrar do combustível da esperança,
que é fio tão aracnídeo quanto a estranha certeza.
É corda bamba enrolada no espaço meado.
Hoje, num universo paralelo, olho para um céu concorrente,
onde a espera cessou-se,
a certeza confirmou-se,
a interrogação metamorfizou-se,
a lucidez anda cada vez mais perdida
ao passo de estar cada vez mais presente,
os pés plantam-se no chão, seguros,
o mar reflete o céu e cada variação de suas cores.
Fora um delírio.
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