Sedimento fino

Sou argila,
sedimento fino em suspensão.
Toda intempérie me carrega.
Parte de mim é erosão.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Fora um delírio

Olho pro céu e lembro da longa espera.
Lembro da minha certeza, tão estranha certeza
que, assim como as palavras, não sei de onde vinha.
Tão fina certeza, tecida em fio aracnídeo.
Tão fina certeza, grande e terrível interrogação,
combustível da esperança.
Por onde anda a lucidez
de quem recorre a um risco noturno no céu?
Por onde anda o chão
para os pés de quem deposita sonhos no céu?
Por onde anda o mar
que não reflete o céu?
Olhando para esse céu vejo a interrogação da cauda do escorpião,
que faz-me lembrar do combustível da esperança,
que é fio tão aracnídeo quanto a estranha certeza.
É corda bamba enrolada no espaço meado.
Hoje, num universo paralelo, olho para um céu concorrente,
onde a espera cessou-se,
a certeza confirmou-se,
a interrogação metamorfizou-se,
a lucidez anda cada vez mais perdida
ao passo de estar cada vez mais presente,
os pés plantam-se no chão, seguros,
o mar reflete o céu e cada variação de suas cores.
Fora um delírio.

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